Se assomar à janela ou sair à porta de casa, é este o estado da zona, lixo que ficou do Natal, que atravessou o fim do ano e que ainda lá está, engordado e nauseabundo, e estará presumivelmente até aos Reis ou até mais adiante.
Não se sabe, quando será limpo, quando voltarão os passeios a ser devolvidos aos peões.
Senhores das limpezas, da Câmara de Lisboa ou da Junta de Freguesia, para quando a higiene básica das nossas ruas?
É que isto não deviam ser só deveres em cima dos contribuintes, também devia haver um mínimo de contrapartidas.
Nos últimos tempos, o lixo parece que ganhou vida própria e se reproduz em grande quantidade, na cidade de Lisboa.
E não venham falar do aumento dos turistas, porque restos de obras, loiças sanitárias, colchões velhos e frigoríficos avariados, não têm a ver com turistas.
Eu sei que há muita obra e remodelação, por todo o lado. Mas também há muita falta de vergonha e pouco civismo.
À volta de quase todos contentores, são frequentes imagens, como a de cima.
E por mais que os serviços municipalizados passem para limpar, que também não primam pela rapidez, mas no outro dia de manhã, a montanha está quase igual, transbordando para o passeio. Esta lixarada atrai gatos, cães, ratos e baratas, tudo em péssima convivência.
Ora isto não pode ser. A Câmara e as Juntas de Freguesia terão de ser mais ativas, quer com a divulgação de meios para remoção de monos, quer com as limpezas, quer com as coimas e multas em cima dos infratores.
Nas nossas sociedades a morte é uma realidade cada vez mais escondida, como se a quiséssemos negar.
Ora não há nada mais certo do que a morte dos seres vivos.
Vem isto a propósito de uma peça apresentada recentemente num dos nossos telejornais, onde se mencionava a morte de uma paciente, obesa, grande fumadora, e com problemas respiratórios, na sequência de um exame médico, que, ao que parece, correu mal.
Eram entrevistadas duas familiares indignadas. A indignação, a dor e a revolta da família, compreende-se bem. A doente entrou para fazer um exame e já não saiu. Penso, contudo, como leiga, que qualquer exame mais ou menos invasivo pode correr mal.
Agora, já não se compreende, a não ser como «reality show» ou «lixo televisivo», a razão de ser da reportagem, ainda para mais passada num telejornal.
É isso que os telejornais pretendem ser, o vale tudo para captar audiências?