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Ninguém é feliz sozinho

Ninguém é feliz sozinho

Herança escondida

 

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Quando nos chega às mãos um objeto antigo, que tenha conhecido outros donos e poisos, bastas vezes nos perguntamos a sua origem e a sua história.

Obra preciosa, de Edmund de Waal, «A lebre de olhos de âmbar», dá-nos conta disso. Descreve uma coleção. pertença dos seus antepassados, de 264 pequenas esculturas de madeira e marfim, não maiores do que uma caixa de fósforos, que saíram do Japão no século dezanove e desembarcaram em Paris, regressando depois da segunda guerra mundial ao Japão, até voltarem de novo à Europa, desta vez ao Reino Unido, onde vive o autor, que é agora o seu dono.  A descrição do percurso das peças através de gerações, acompanha por isso, a história europeia e mundial, as suas mudanças e conflitos.

Este relato fez-me lembrar a história de um velho louceiro familiar, tão grande e tão pesado que tinha ficado esquecido no quarto interior da casa de uma avó. Há muitos anos, uma das filhas apoquentada com os altos e baixos da vida e depois de ter sido obrigada a vender os seus poucos pertences por causa das dívidas de jogo do seu marido, veio resgatá-lo. O móvel foi desmontado, limpo, encerado, as prateleiras foram forradas e encheu-se de coisas bonitas. 

O velho louceiro ainda hoje pontifica numa sala e está pronto para novas aventuras.

 

 

 

 

Pessoas normais

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Pediram-me num destes dias, que indicasse um dos melhores livros do ano.

Puxei pela cabeça e lembrei-me do romance da irlandesa Sally Rooney, «Pessoas Normais», talvez não, por o considerar «o melhor», mas pela inquietação profunda que consegue transmitir. A vida complicada de dois adolescentes normais, Connell e Marianne, namorados, desavindos  e namorados outra vez, numa escola normal de uma cidade irlandesa. 

Trata-se de um mergulho nas inseguranças e angústias da adolescência. Muita bebida, muito sexo, muita violência e estupidez, muitas famílias e cabeças desestruturadas. Enfim, muita tristeza e solidão. 

Tudo numa linguagem direta, sem artificialismos literários, em que o realce é dado aos diálogos dos protagonistas.

Esta novela foi também adaptada a série televisiva. 

Com boas leituras vos deixo.

Leituras na quarentena

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Já que muitos se encontram fechados em casa, podem entreter-se com leituras, mas ao menos escolham livros que agradem e sirvam para abrir as mentes.

«Homo Deus», obra que faz parte de uma trilogia, «Breve história da humanidade», e «21 lições para o século XXI», do historiador Yuval Noah Harari, tem sido um grande êxito de vendas, publicado em diversas línguas e países, fazendo-nos refletir sobre as implicações do mundo atual.

O livro, escrito numa linguagem acessível, divide-se em 3 partes, o homo sapiens conquista o mundo, o homo sapiens dá sentido ao mundo e o homo sapiens perde o controlo.

Diz o autor: «A História é testemunha da ascensão e queda de muitas religiões, impérios e culturas. Essas transformações não são necessariamente más. O humanismo tem dominado o mundo nos últimos 300 anos, o que não é assim tanto tempo.»...  «Talvez o colapso do humanismo também se revele benéfico.»...«É provável que no século 21 a humanidade seja levada para lá dos seus limites...é provável que os computadores sejam capazes de substituir os humanos em quaisquer funções.» (pags. 81,82, 83). 

Aqui fica o desafio, boas leituras, vos desejo.

Leituras de verão

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Andrés Pascual, que aparece em primeiro plano como autor da foto, que ilustra uma sessão de clube de leitura, é o escritor do livro «O Haiku das palavras perdidas». Na foto podem ver-se alunos chineses, a maioria oriundos de Macau, inscritos no curso de português para estrangeiros  da Universidade Católica. Pois é, a língua portuguesa continua a ser divulgada nos diferentes cantos do mundo.

Ora, a  história do livro, passa-se no Japão, em Nagasaqui, em Agosto de 1945, narrando a explosão da bomba atómica, e o percurso de sobreviventes até aos dias de hoje, servindo sobretudo como um alerta para os perigos da energia nuclear.

Pascual nasceu em Logrono em 1969, foi músico na sua juventude, depois advogado durante mais de vinte anos, até que decidiu mudar de vida e dedicar-se à escrita, vivendo atualmente com a sua mulher em Lisboa. É autor de várias obras e é publicado em Portugal pela Gradiva. 

Aqui fica pois uma sugestão de leitura para este verão.

Século 21

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Acabei de ler um livro de que gostei muito, do isrealita Yuval Noah Harari, autor de dois «best sellers», anteriores, Homo Sapiens e Homo Deus, obras estas que eu não li, mas que tenho ouvido louvar.

Claro que ser campeão de vendas pode não ser grande cartão de visita. 

Este livro, porém, pretende lançar pistas no debate sobre o futuro da humanidade, analisando os desafios tecnológicos e políticos do nosso tempo, falando sobre o desespero e a esperança dos seres humanos e ainda sobre as notícias falsas e a pós-verdade, terminando contudo, num sentido otimista sobre a educação, a mudança e o sentido da vida. A leitura é fácil e a linguagem acessível.

No capítulo 20, «A vida não é uma história», refere «Cada geração precisa de uma resposta nova, uma vez que aquilo que sabemos e não sabemos está sempre a mudar. Perante tudo o que sabemos e não sabemos sobre a ciência, sobre Deus, sobre a política e sobre a religião, qual a melhor resposta que podemos dar hoje?»

Anseio recorrente e atual, a procura de uma resposta, penso que esta obra se distingue por saber enquadrar os desafios do presente e desvendar a partir daí, possíveis caminhos do amanhã.

 

Livro «Os Romanov»

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De 1613 a 1918, quase 300 de história da Rússia e consequentemente também da Europa e do Médio Oriente, nos são desvendados com base numa profunda pesquisa de novos arquivos, pelo escritor inglês Simon Sebag Montefiore. 

A narrativa destes dois volumes parece uma mistura da obra literária «Guerra e Paz» e da série televisiva «Guerra dos Tronos». São retratos de czares e czarinas, alguns geniais, outros loucos, mas todos enformados pelo poder autocrático e pela ambição imperial, que o autor considera que ainda hoje perdura na figura de Putin e dos seus próximos, terminando as suas páginas desta forma, «Os Romanov foram-se mas a autocracia russa continua viva».

A criação da cidade báltica de São Petersburgo, as figuras de Pedro o Grande e Catarina a Grande, as guerras napoleónicas, a guerra da Crimeia, a rainha Vitória, Tolstoi, Lenine, até ao último czar Nicolau II e a sua consorte a imperatriz Alexandra, fuzilados com a sua família, pelas balas da revolução. Tudo isto é recordado com o apoio de várias fontes históricas.

Boa obra, para quem gosta de ler livros históricos. 

 

Viver também é peregrinar

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Leonor Xavier,  jornalista e escritora que sigo de perto, acaba de publicar um livro da editora «Oficina do Livro», que reúne testemunhos de 70 portugueses, mais precisamente, como sublinha a autora, 35 homens e 35 mulheres, sobre a ideia da «peregrinação».

Refere na Introdução, «Andei meses, ...a pensar como poderia celebrar a vinda do Papa Francisco a Portugal....e a pensar nas comemorações (do centenário) das Aparições, (de Fátima), neste 2017...»

Crentes e não crentes, falam assim, sobre o que é para cada um, a ideia da peregrinação. Destaca-se a noção de honrar a vida, ou procurar um sentido, pois qualquer pessoa é peregrina do seu percurso. 

É um livro que pretende ser autêntico, e não confessional ou religioso e procurou manter um estilo coloquial nas diferentes maneiras de dizer, o que torna a sua leitura apaziguadora e muito fácil .

 

Hoje toda a gente fala de futebol

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Depois do êxito de ontem da seleção portuguesa, hoje toda a gente vai falar de futebol e com bons motivos, mas eu quero destacar um livro que me chegou às mãos, sobre as contradições do nosso tempo.  

Trata-se da obra, «Por uma sociedade decente», do Professor Eduardo Paz Ferreira, que pretende ajudar-nos a refletir sobre como construir uma sociedade melhor, aquilo que todos desejamos, ou simplesmente decente, partindo da análise, aliás muito bem feita, da situação atual e de como lá se chegou. 

É referido que hoje «o individualismo ocupou o lugar da solidariedade, o mercado substituiu o Estado.» (pág. 32). 

O autor propõe o reforço dos poderes do Estado, ou dos Estados, o combate concertado à grande evasão fiscal, pois parece que o dinheiro corre livremente por novas vias, espremendo a classe média, que sustenta a máquina, e tornando os pobres mais pobres e os ricos mais ricos. 

Gostei de saber que há ainda entre nós, quem se preocupe com os temas sociais, que defenda a correção das desigualdades e que critique o ultraliberalismo.

Estou confiante que algum dia, talvez próximo, assim o espero, a corrente mudará.

 

 

 

O que ando a ler

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Gosto muito de ler. Fui incentivada a isso, pela minha mãe que, recompensava o meu bom comportamento com pequenos livrinhos de histórias tradicionais infantis, a bela adormecida, a menina dos fósforos, a gata borralheira e outros.

O meu pai criticava e censurava o meu gosto pela leitura, que considerava excessivo, e chegava a esconder-me os livros para eu não perder tempo a lê-los, porque queria que eu largasse os romances, coisa de menos importância, e estudasse. Chegou a fechar a coleção completa dos livros de aventuras dos «Cinco», dentro de uma mala de viagem.

Não posso faltar à verdade, esquecendo que mais tarde, conformando-se com esse meu «capricho», me incentivou a cursar Direito, onde teria sempre muito que ler e que escrever, conselho que segui.

Lá ia estudando e lendo, pois era-me fácil descobrir os esconderijos, e muitas vezes lia pela noite fora com uma lanterna a pilhas, para não me mandarem apagar a luz.

Fico a pensar qual seria hoje o pai capaz de esconder os livros aos filhos ou filhas, mas enfim, nunca perdi o gosto pela leitura e reconheço que a minha vida não seria a mesma se não tivesse sempre algo para ler.

Vem isto a propósito da pergunta que me fazem amiúde, «o que andas a ler?»

Pois agora, que julgo que acaba de sair o quarto e último volume da obra «A Amiga Genial» da escritora italiana Elena Ferrante, é isso que ando a ler e com muito prazer. 

Quem também partilhar este meu gosto, tem aqui uma obra perfeita, uma análise muito bem contada, que segue o percurso de duas amigas napolitanas, na sua infância, adolescência e idade adulta, com as suas aventuras e desventuras, que é também a história da Itália e das suas contradições.

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