Aprender de pequenino a língua portuguesa, não é tarefa fácil.
Há muitos verbos irregulares e formas verbais bem tramadas. Claro que em adulto ainda deve ser pior, mas por ora concentremo-nos na aprendizagem infantil.
Dizia o garoto com a segurança dos seus três anos, desolado no meio dos seus carrinhos dispersos, «perdemos a escavadora, perdemoszia...»
Não é «perdemoszia» é perdêmo-la...
Rápido interrompe, «não perdemos não, encontrámozia, está aqui».
Lições de português e não muito bom, que acabam sempre com boas gargalhadas.
Há quem goste de brincar com coisas sérias. A língua portuguesa falada por mais de 280 milhões de pessoas em todo o mundo, devia ser um assunto para ser tratado de forma já não digo séria, mas pelo menos sensata.
Sim senhor, as línguas não são estáticas, são feitas no dia a dia pelos seus utilizadores, sim senhor, que se simplifiquem e unifiquem. Mas esqueceram que as línguas evoluem constantemente e mais do que as grafias, as palavras mudam, consoante os locais. Em Portugal dizemos «remoinho de água», porém num recente livro brasileiro encontrei a bonita expressão «rodamoinho de água.».
Agora depois de um acordo assinado, e impingido como obrigatório em Portugal, lembraram-se, mentes ilustres, de voltar atrás.
Afinal, em que ficamos? Cada vez me lembro mais da minha tia Maria, antiga professora primária nascida no final do século 19, que até ao fim da vida escrevia «mãi», porque dizia ela, era assim que tinha aprendido.
Ora, para além de todos os que se esforçam por falar e escrever corretamente a língua portuguesa, ai, neste momento, pobre de quem ensina e pobre de quem está a aprender a língua.