«Tudo o que eu quero?» é o nome de uma exposição de artistas portuguesas de 1900 a 2020, patente desde 2 de junho e até 23 de agosto, na Galeria da Fundação Gulbenkian.
São várias as artistas representadas, que se fizeram ouvir e reconhecer numa sociedade e num tempo que lhes era adverso.
Se nos lembrarmos que o padrão dos descobrimentos conta apenas com uma figura feminina, neste caso a mãe do Infante Dom Henrique, a rainha Dona Filipa de Lencastre, vemos como as mulheres estiveram afastadas da narrativa.
Para muitas mulheres existia um lugar vazio na sociedade portuguesa, elas simplesmente não estavam lá.
Porém, há talvez cerca de um século, algumas começaram a ter voz, a expressar-se ou a auto retratar-se, como tão bem soube fazer Aurélia de Sousa. E daí até à ousadia de Joana Vasconcelos, com o seu enorme lustre ou véu de noiva, feito de tampões higiénicos, claro que não foi um passo, foram muitos passos, muitos anos e muitas lutas.
Quem conhece a baixa pombalina, os seus prédios com fachadas iguais, as suas ruas geométricas, perpendiculares e paralelas, decerto notou o extravagante edifício da Rua do Ouro 88, conhecido por Edifício dos Leões, por ter na entrada duas esculturas alusivas.
Este imponente prédio, construído no princípio do século XX, pelo arquiteto Ventura Terra para sede de um banco, pertence hoje ao Santander, abrigando desde meados de Dezembro e até 17 de Maio, a exposição «Lar doce lar», da artista portuguesa Joana Vasconcelos.
Podem visitar-se três pisos da sede, com mobiliário e utensílios bancários alusivos e importantes obras de arte da coleção do Santander e ainda trabalhos desta autora, tão conhecida pela utilização de rendas e crochet.
Pós pop é o nome de uma interessante exposição na Fundação Gulbenkian em Lisboa, sobre o movimento cultural surgido depois da segunda guerra, que influenciou nas artes, na publicidade, na música, na moda, a nossa vida quotidiana, até aos dias de hoje.
Recordo muitas destas lembranças, a par de uma cena ocorrida recentemente entre dois casais amigos, agora denominados idosos, a tentar utilizar um computador portátil, mas sem se lembrarem da senha de entrada. Por fim, uma das esposas lá conseguiu lembrar-se e finalmente o acesso deu-se.
Mas eis um novo escolho, qual a senha certa para o movimento bancário?
Surgiu depois de muitas tentativas, de uma das carteiras, um papelinho, com a senha escrita.
As memórias já não são de fiar.
Pois, meus senhores, foi esta a geração inovadora do pop.
Velhos ou novos, a todos sabe bem recordar ou aprender.
Começou ontem um programa novo na SIC, sobre o (mau) comportamento de crianças, «Super Nanny» .
Trata-se de uma fórmula televisiva, existente em vários países na Europa e também no Brasil, onde uma educadora ou psicóloga assiste às «cenas» e depois procura aconselhar os familiares sobre a estratégia a adotar.
Em suma, pretendem-se mudar comportamentos, através do reforço positivo.
Não tenho dúvidas, que em muitas casas o infante terrível é o rei, que manda e ordena e que os pais e os educadores se devem ver aflitos para servir «sua majestade».
Não tenho dúvidas, que muitos destes pais se sintam perdidos e a necessitar de orientação.
Mas fazer disto programa televisivo, expor crianças desta maneira é bem pior que os tradicionais castigos da reguada ou das orelhas de burro, que ao menos só eram presenciados pela turma e agora podem ser assistidos pelo país inteiro.
E que tal, no dia internacional da Mulher, assinalar a data com uma visita à exposição da pintora Graça Morais, que tantas mulheres tem retratado na sua obra?
A exposição foi escolhida, e muito bem, para inaugurar o Centro de Exposições da Fundação Champalimaud e merece a nossa visita.
Além do mais a entrada é gratuita, o espaço é lindo, sobre o Tejo, perto da Torre de Belém, e pode aproveitar-se como programa familiar.