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Ninguém é feliz sozinho

Ninguém é feliz sozinho

A pandemia e as crianças

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Fecharam as escolas, as crianças ficaram em casa e as famílias tiveram que se virar com os pais em teletrabalho, mais ainda com a provisão e preparação de refeições e os devidos cuidados infantis.

Resumindo, muitos netos passaram a estar mais tempo com os avós. 

Assim, aconteceu com o nosso benjamim. São agora seguidas muitas regras, chegar a casa, tirar os sapatos, lavar e desinfetar as mãos, guardar a máscara etc...

Tenho o hábito de pendurar as chaves de casa na parte de dentro da porta, perto da máscara facial, não vá alguém tocar à campainha e eu ter de interagir com rapidez.

Num destes dias, tocaram da rua e tive de descer prontamente, chaves na mão, mas por esquecimento, sem máscara.

Logo o benjamim, ma apontou, para eu a colocar.

As crianças são mesmo umas esponjas, absorvem tudo, à sua volta. Mas o que irá ser destas gerações, esmagadas desde que nasceram com tais cuidados e proteções?

Crianças e ar livre

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Sabemos que o desenvolvimento das crianças e das suas capacidades motoras beneficia com as brincadeiras na rua ou ao ar livre. Mas um estudo recente da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, constatou que em comparação com grupos etários da mesma idade, as crianças norueguesas brincam muito mais no exterior do que as crianças portuguesas, isto quer no inverno quer no verão.

Parece impossível, não é. Ora, entre as principais razões pelas quais os pais justificam as poucas  brincadeiras no exterior, estão o receio de estranhos e do trânsito. O primeiro medo deve ser comum a quase todas as culturas, recear que alguém faça mal aos pequenitos ou que estes se percam, mas o perigo do trânsito, parece-me bem justificável e muito português.     

São também as crianças portuguesas as que são mais transportadas de carro para a escola.

Ou seja, os pais portugueses, para além de cumprirem extensos horários de trabalho que não devem passar pela cabeça de um norueguês, devem ser os que mais longe vivem das escolas, enfrentando ainda dificuldades de transporte para levar e recolher os filhos. 

Assim, enfiados em extensas viagens de carro, casa, escola, trabalho, como podem estes pais ainda ter tempo e disposição para deixar (e vigiar), os infantes a brincar ao ar livre? Resta a esperança de que as escolas tentem  compensar isto, incentivando os desportos e corridas nos pátios exteriores.

A super «nanny» e a super parvoíce

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Começou ontem um programa novo na SIC, sobre o (mau) comportamento de crianças, «Super Nanny» . 

Trata-se de uma fórmula televisiva, existente em vários países na Europa e também no Brasil, onde uma educadora ou psicóloga assiste às «cenas» e depois procura aconselhar os familiares sobre a estratégia a adotar.

Em  suma, pretendem-se mudar comportamentos, através do reforço positivo.

Não tenho dúvidas, que em muitas casas o infante terrível é o rei, que manda e ordena e que os pais e os educadores se devem ver aflitos para servir «sua majestade».

Não tenho dúvidas, que muitos destes pais se sintam perdidos e a necessitar de orientação.

Mas fazer disto programa televisivo, expor crianças desta maneira é bem pior que os tradicionais castigos da reguada ou das orelhas de burro, que ao menos só eram presenciados pela turma e agora podem ser assistidos pelo país inteiro.

 

Come a sopa

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Dia de praia, de piscina e de muitas brincadeiras. Hora do calor e da procura de uma sombra numa esplanada para a família, pais, tios e filhos, almoçar e retemperar as suas forças.

Há muito que os mais novos, sobretudo duas petizas, com cerca de dois anos, ou talvez ainda menos, estavam esgotadas, há muito que alguém deveria ter reparado nisso.

Não devem ser as crianças a acompanhar os horários dos adultos, mas sim os adultos a pensar no bem estar dos mais pequenos.

Resultado, uma birra de sono, interminável.

Come a sopa, gritavam à vez, a mãe desesperada, a tia, o pai e o tio. Come. Olha o avião. Só uma colher. Come, senão levas, a ameaça tradicional. Come. Gritos e apenas mais gritos da menina. Até que por fim, num ato de rebeldia a criança exausta parte com raiva a colher de plástico, a colher do seu castigo.  

Ainda pensei numa cena triste de pancadaria, felizmente cada vez mais raras em público, mas nessa altura um dos tios pegou nela ao colo e afastou-se um pouco até a criança adormecer.

Mães e pais que me ouçam, não é a gritar que os meninos comem melhor a sopa. 

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