Abriu este mês no Chiado um novo espaço do Museu Nacional de Arte Contemporânea. Trata-se das antigas instalações do Governo Civil de Lisboa, que alojam agora mais pintura e escultura de autores portugueses.
A adaptação apesar de muito simples, resultou muito bem, resumiu-se sobretudo na pintura de todo o interior de branco, tetos, portas e chão, algum soalho, sendo que o branco faz realçar as diversas obras. As salas e salinhas são luminosas, com janelas para as diferentes ruas, beneficiando ainda o corredor central de uma bonita clarabóia.
Mais tarde, pretende-se que este núcleo seja ligado interiormente à parte inicial do MNAC, o que será uma grande vantagem para os visitantes, mas por ora, a passagem é feita pela rua.
Uma destas tardes, ao entrar numa nova padaria da Baixa, encontro dois brasileiros, ambos com ar de turistas, um rapaz novo e uma senhora de mais idade, provavelmente a mãe, ao balcão, a perguntarem ao empregado, «qual daqueles era o pão mais tradicional português»?
O empregado respondeu com dureza, «este pão aqui é todo espanhol». Percebi assim, que o estabelecimento que também para mim era novo, devia pertencer a alguma cadeia espanhola.
Aí intervim eu, sublinhando que mais tradicional ou mais parecido com o português, deveria ser um «daqueles» na prateleira, que os brasileiros logo encomendaram satisfeitos, agradecendo.
Mas metida conversa, gracejei, «estão a ver, aqui no nosso país ou as coisas são espanholas ou são chinesas, não sei como é no Brasil.» Entre gargalhadas responderam, «ai no Brasil também as coisas não estão fáceis, longe disso.»
Pois é, parece que a globalização, ou lá o que é, está por todo o lado a mudar as nossas vidas.