Crianças e ar livre
Sabemos que o desenvolvimento das crianças e das suas capacidades motoras beneficia com as brincadeiras na rua ou ao ar livre. Mas um estudo recente da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, constatou que em comparação com grupos etários da mesma idade, as crianças norueguesas brincam muito mais no exterior do que as crianças portuguesas, isto quer no inverno quer no verão.
Parece impossível, não é. Ora, entre as principais razões pelas quais os pais justificam as poucas brincadeiras no exterior, estão o receio de estranhos e do trânsito. O primeiro medo deve ser comum a quase todas as culturas, recear que alguém faça mal aos pequenitos ou que estes se percam, mas o perigo do trânsito, parece-me bem justificável e muito português.
São também as crianças portuguesas as que são mais transportadas de carro para a escola.
Ou seja, os pais portugueses, para além de cumprirem extensos horários de trabalho que não devem passar pela cabeça de um norueguês, devem ser os que mais longe vivem das escolas, enfrentando ainda dificuldades de transporte para levar e recolher os filhos.
Assim, enfiados em extensas viagens de carro, casa, escola, trabalho, como podem estes pais ainda ter tempo e disposição para deixar (e vigiar), os infantes a brincar ao ar livre? Resta a esperança de que as escolas tentem compensar isto, incentivando os desportos e corridas nos pátios exteriores.