Os descontos excessivos para a ADSE e o caminho para o abismo
Veio hoje a público o resultado de um relatório feito pelo Tribunal de Contas sobre a situação do sistema de proteção social dos trabalhadores em funções públicas, vulgo ADSE, onde se conclui que os descontos dos trabalhadores são excessivos.
Para quem não sabe, refere-se que estes descontos subiram em maio de 2014 de 2,5% para 3,5%, com a explicação de contribuir para a sustentabilidade do sistema.
Tretas. Afinal, diz o Tribunal de Contas, bastava que o aumento se tivesse ficado pelos 2,7% para mesmo assim a ADSE ter um excedente de 10%. Neste momento o excedente é de 20%. O aumento destes descontos contribuiu para a saída de muitos trabalhadores, sobretudo os de salários mais elevados, o que a acentuar-se pode colocar em risco o equilíbrio do sistema.
E para que serve este dinheiro a mais, ora para quê, para ajudar a contabilidade do Estado que o classifica como receita nas suas contas.
Não lhe quiseram chamar imposto, mas estes descontos saem dos bolsos exauridos dos trabalhadores em funções públicas, os ditos funcionários públicos, que tem sido tratados como sacos de pancada e apontados como grandes responsáveis pela crise. Contribuem através dos seus impostos para o serviço nacional de saúde e mediante os seus descontos (exagerados) para um outro sistema, ou seja, pagam duas vezes, ou mais do que duas.
Já agora, se a ADSE é totalmente financiada pelos seus beneficiários, estes deviam participar na direção e tomada de decisão, devendo o Estado interferir cada vez menos.
Ou então, arriscam-se os beneficiários qualquer dia, a poder ficar suspensos sobre o abismo.