O que nos define
O que nos define enquanto seres humanos singulares e irrepetíveis, o que nos caracteriza enquanto indivíduos?
Certamente as nossas memórias, as recordações únicas de cada vivência.
Os nossos pais, o primeiro dia de escola, o primeiro beijo, o nascimento dos nossos filhos, etc...
O que dizer de uma doença que vai apagando estas memórias, a ponto de deixarmos de conhecer os nossos familiares e de deixarmos de saber quem somos?
Terrível provação esta.
Vem isto a propósito de um magnífico filme, que vi ontem, «Meu nome é Alice», cujo título em inglês, me parece mais correto, «Still Alice», aquilo que ainda resta de Alice, o seu esboroar perante a maldição de Alzheimer.
O filme, para além de uma brilhante interpretação de Julianne Moore, usa uma linguagem muito simples, mas eficaz, sem nunca cair no dramalhão, mas antes sublinhando a luta constante da personagem e os esforços de acompanhamento da sua familia.
Também é curiosa a última cena do filme, em que a filha mais nova, e aquela que nos é apresentada como a mais desmunida em termos sociais mas que se dedica a tratar da mãe, tenta ainda comunicar com esta, perguntando-lhe,no final de uma leitura, se tinha percebido de que se tratava, e a mãe, que nessa altura já mal conseque falar, responde, «é sobre o amor».
Ora toda a nossa vida, do berço até à cova, gira sempre à volta dos afetos.
Vale assim a pena ir ver a forma como um tema tão triste, é aqui abordado.