O medo, sempre o medo
Fila do supermercado para pagar. Manhã de dia calmo, pouca gente. A menina da caixa faz sinal à senhora à minha frente para avançar e colocar as compras no tapete. A senhora hesita, pergunta pela desinfeção do tapete. A menina diz que «já a fez, mas se a senhora quiser posso fazer outra vez.»
Não sei se tinha feito, não reparei.
Mas a partir daqui a senhora, com luva de borracha na mão direita, indignou-se, «que não era resposta que se desse, que eram os clientes que pagavam os ordenados dos trabalhadores, que não gostava de ser atendida por gente malcriada, que se ia queixar à chefe» e por fim, com ar ameaçador, «como é mesmo o seu nome?»
O medo faz as pessoas reagirem assim.