Mais coisas do antigamente
A nossa memória é curta, mesmo curta.
Genericamente, vivemos todos hoje melhor do que há uma ou duas gerações atrás. Mas nem sempre temos isso presente com tanto queixume e lamento.
Reconto uma história ouvida na minha infância e passada num meio rural do interior.
Aproximava-se o dia do crisma dos jovens e as famílias costumavam convidar para madrinha do crisma a catequista, que era por sua vez a professora da aldeia.
Era uma grande honra para a madrinha e um dia solene para os crismados.
Cada família fazia uma pequena comemoração, de acordo com as suas posses.
Naquele ano, por qualquer percalço, o crisma foi adiado, teria de ser noutro domingo e não naquele anteriormente pensado.
Vai a mãe de uma das jovens, falar com a catequista madrinha, muito aflita, «senhora apesar de hoje não haver crisma, venha a nossa casa, pois agora que já está feita a despesa vai haver festa na mesma.»
E a madrinha catequista lá foi, pois se já estava feita a despesa, não queria desfeitear o convite.
E o que era a despesa afinal, pão de trigo fresco e saído do forno e um queijo de cabra por abrir. Pão com queijo.
Melhor, muito melhor, que pão sem queijo, um petisco para aquele tempo, (e também para o nosso, sem dúvida), mas o que é de realçar é a frugalidade natural do viver de então.