Histórias nem sempre cor de rosa
Filha única, nascida numa aldeia perto de Lisboa, veio estudar para a capital realizando o sonho que os pais, gente simples e ligada ao campo, não tiveram oportunidade de realizar.
Mais tarde, os pais divorciaram-se. O pai foi viver com outra senhora e a mãe despeitada embora, acabou também por arranjar outro companheiro.
Ela dizia para quem a quisesse ouvir, «em vez de dois, agora tenho quatro velhos a cargo, ele é fisioterapia para um, análises para outro, consultas para isto e aquilo.»
A mãe que, enviuvou entretanto, era rija e já na casa dos oitenta sobreviveu a uma doença cancerosa e espantou as enfermeiras quando apareceu no hospital para uma cirurgia, sem o saquinho dos medicamentos diários, que a maioria dos idosos carrega, pois tinha chegada àquela idade sem precisar de tomar nada.
Quando faleceu o pai, a mãe pediu, «filha eu quero ir despedir-me do teu pai, que foi o homem da minha vida.»
Mas como, se estava lá a «outra», a verdadeira viúva, que a mãe dizia jamais querer ver?
Com a ajuda de umas vizinhas e a pretexto do poder ainda piorar do reumatismo, lá conseguiu retirar do velório a madrasta e levá-la para casa.
A correr foi a casa da mãe e toca de fazer tudo ao contrário, metê-la no carro e transportá-la até à igreja.
Desta vez lá conseguiu resolver a coisa, mas muito sofre a filha única de pais divorciados.