As poupanças que saem caro
Nos anos sessenta do século passado, pessoa da minha família emigrou para a Holanda, onde passou a viver.
Sim, também nessa época a emigração de jovens era forte, pois além da crónica falta de emprego, fugia-se ainda da ditadura, da pide e da guerra colonial.
A Holanda na altura, parecia o paraíso do bem estar social.
Mas muita coisa mudou e tem vindo a piorar, nestes últimos tempos, apesar de por lá não ter andado nenhuma «Troika».
Há poucos anos, a minha cunhada, agora com dupla nacionalidade luso-holandesa, precisou de colocar uma prótese numa anca, tendo recorrido ao sistema de saúde do país em que vive e onde paga os seus impostos.
Posteriormente, necessitou de ser operada à outra anca, ficando em lista de espera. Como as dores eram muitas e a espera ainda maior, foi medicada meses a fio com analgésicos e anti-inflamatórios, o que lhe provocou uma reação alérgica na pele que teve de ser tratada em ambiente hospitalar. Não podia ser operada enquanto a pele estivesse naquele estado.
Descobriu agora que a primeira prótese terá de ser mudada em breve, mediante nova intervenção cirúrgica, pois a qualidade da mesma deixa a desejar.
A pergunta é, onde está a poupança neste caso?
Vai ficar mais caro ao sistema de saúde terem prolongado a espera pela segunda operação e terem usado material inferior na primeira intervenção.
Lá como cá, há poupanças que saem caras a todos. Se não se preocupam com o doente ao menos que se preocupem com a despesa pública.