A prova dos nove
Comecei recentemente a aprender língua e cultura italiana. E gosto muito do professor Frederico. Italiano de Nápoles, vive há anos em Portugal, trazido pelo amor de uma portuguesa, com quem casou.
Apesar de já ter alguma idade, tem uma memória fantástica para datas e factos históricos, que relata sempre com calma e humor.
No outro dia, a aula versou sobre as particularidades dos dois povos, o português e o italiano.
Veio à baila a Expo 98. Na altura, ele tinha chegado a Lisboa há pouco tempo e ficou abismado com a grandiosidade e a ambição do projeto e as dificuldades para a sua concretização. E conta, como ficou espantado, por ter sido possível que a coisa tivesse corrido bem, que a obra ficasse pronta a tempo e horas e fosse um sucesso. A imagem dos portugueses a salto, pela Europa fora, com a mala de cartão, desvaneceu-se de todo. Foi a prova dos nove.
A partir desse momento, ele e muitos outros, começaram a pensar na estranha gente que quando mete mãos à obra é capaz de tudo.