A morte escondida
Nas nossas sociedades a morte é uma realidade cada vez mais escondida, como se a quiséssemos negar.
Ora não há nada mais certo do que a morte dos seres vivos.
Vem isto a propósito de uma peça apresentada recentemente num dos nossos telejornais, onde se mencionava a morte de uma paciente, obesa, grande fumadora, e com problemas respiratórios, na sequência de um exame médico, que, ao que parece, correu mal.
Eram entrevistadas duas familiares indignadas. A indignação, a dor e a revolta da família, compreende-se bem. A doente entrou para fazer um exame e já não saiu. Penso, contudo, como leiga, que qualquer exame mais ou menos invasivo pode correr mal.
Agora, já não se compreende, a não ser como «reality show» ou «lixo televisivo», a razão de ser da reportagem, ainda para mais passada num telejornal.
É isso que os telejornais pretendem ser, o vale tudo para captar audiências?