A maldadezinha
A maldadezinha ou esperteza saloia, não digo que seja uma coisa portuguesa, digo antes que é uma coisa muito comum e muito humana.
Aqui vai a história:
Andava ela com o cão, um grande e ativo pastor alemão, sem trela, a passear de forma despreocupada.
Várias vezes lhe tinham dito para usar a trela, mas...
O cão, como tantos outros, gostava de ladrar, e quando o fazia, com tal porte era um pouco assustador.
Naquele dia, o cão começou a ladrar para um senhor, que talvez assustado ou descontrolado, se baixa para tentar apanhar uma pedra para atirar ao animal, o que como é previsível, ainda o atiçou mais.
O animal não chega a tocar no homem, que no entanto, tropeça e quase cai no passeio.
A dona apresenta-se, controla o cão, pede desculpa, verifica se é preciso fazer alguma coisa, parece que não, e o incidente poderia ter ficado por aí.
No entanto, passados dias, começa esta dona a receber chamadas repetidas da filha do senhor, a dizer que o pai ficou muito abalado com o acontecimento, muito doente desde então, a diabetes e a tensão a subir, quase às portas da morte.
Em resumo, queria dinheiro, chamava-lhe indemnização pelos danos causados pelo animal.
Foi então que a dona se lembrou, e aquele seguro de responsabilidade, talvez servisse para alguma coisa.
E vai de dizer, «sabe, eu tenho um seguro para o cão, será melhor colocar essa questão à minha companhia.»
Como podem imaginar, foi remédio santo, nunca mais houve chamada nenhuma, e o cão passou também a andar mais controlado nas suas passeatas.