Abusos na igreja católica
Fui educada numa família católica que ia à missa ao domingo, e por isso, frequentei a catequese e fiz a primeira comunhão na minha paróquia da altura em Lisboa, Santo António de Campolide. Eu e outras da minha criação. Era costume confessarmo-nos regularmente em certas épocas do ano. As lembranças que tenho dessas confissões são tristemente sinistras, pois que já menina e moça a única coisa que interessava a alguns párocos era se tínhamos namorado e o que fazíamos com o dito. Eu não tinha namorado nenhum, pelo que num instante, era despachada com três avé marias de penitência, mas no entanto considerava a pergunta uma intromissão. As mais velhas e mais experientes avisavam as miúdas mais novas para não irem a determinado confessionário, havia diversos então, porque o padre se punha a perguntar mais isto e mais aquilo.
Não me move nenhum intuito persecutório contra a igreja, pois reconheço nela muitas virtudes e sãos princípios.
Contudo, não posso deixar de me alegrar por ter sido agora criada uma comissão independente para a apreciação de abusos na igreja católica, que com certeza terá bastante que apurar. Abriu-se finalmente uma porta de desabafo e reconciliação para muitas vítimas.
Contudo, nestes como em muitos outros casos, o problema será sempre a prova dos factos, em muito agravada pela distancia.