O tomate é um fruto fresco, saboroso, decorativo e muito usado na gastronomia portuguesa, em cru nas saladas, ou cozinhado em molhos, caldeiradas, ou até em compotas.
Qualquer nutricionista lhe dirá que o tomate é bom e faz bem à saúde. Pode-se gostar mais ou menos do tomate, ou mais assim ou mais assado.Tanto faz.
Agora acho muito mal, o desperdício de toneladas e toneladas de tomate numa festa sem raízes portuguesas, para ser atirado e estragado nas ruas de Almeirim, neste próximo sábado dia 1 de setembro, só para aparecer no mapa e imitar as festas espanholas, as famosas tomatinas.
Deixemos as tradições espanholas, em Espanha, pois não precisamos de as importar. Tradições e festas populares temos muitas e bem bonitas.
E sempre ouvi dizer que não se deve desperdiçar comida, porque o que sobra a alguns faz falta a muitos.
No outro dia entrei numa loja de produtos chineses, dirigida por uma família chinesa que mal fala português.
É daquelas que tem tudo, mas é preciso saber encontrar. Costuma haver umas empregadas brasileiras que ajudam os clientes, mas talvez devido às férias, as brasileiras tinham desaparecido.
Porém, sentados em duas cadeiras a uma pequena mesa, estavam uma adolescente chinesa a ajudar o seu irmãozito, a fazer os trabalhos da escola. Senhores, no pino do verão, em férias escolares.
A menina muito educada, levantou-se logo e ajudou-me a procurar o que eu pretendia, tudo num português correto. E lá voltou depois para junto do irmão e para os deveres de ambos.
Muitas destes jovens da comunidade chinesa são os melhores alunos das suas escolas. Os professores reconhecem amiúde, os seus êxitos escolares e o seu talento para a matemática.
Vivem em famílias que incentivam o trabalho como um valor e crescem neste ambiente a acreditar na importância do esforço.
Ora, estas noções de esforço e reconhecimento estão muito ausentes nos nossos dias e seria muito bom para a sociedade, que não estivessem.
A minha máquina de roupa, idosa com mais de 20 anos, começou este ano a sujar a dita. Sobretudo a roupa branca ficava salpicada com resíduos e pequenas partículas cinzentas.
Que fazer?
Consultei peritos vários, nas drogarias e mercearias do bairro. Comprei diferentes drogas e experimentei. Mas a coisa continuava. Aconselharam-me então numa dessas lojas, como o melhor, este tal Tratax.
Lá o descobri numa drogaria da Baixa (S. Domingos), pois os supermercados e a maioria das lojas não têm nada disso.
E não é que resultou? Os resíduos foram-se e a roupa sai branquinha e impecável, como se a máquina fosse nova.
Acabámos de nos sentar à mesa para um almoço rápido e pouco frequente. Lá estavam os queijinhos frescos e a saladinha de tomate, o chá frio com rodelas de limão, tudo bem apetitoso.
Tocaram à porta. Levantei-me e fui atender. Era a vizinha do quinto que não conseguia tirar o carro da garagem pois a porta não abria. Fui lá abaixo. A porta não abria mesmo e também nem eu nem ela tínhamos connosco o comando do portão da garagem. Estavam os dois inacessíveis dentro dos carros.
Bem, porventura algum dos vizinhos da loja fosse gentil e conseguisse abrir o portão com o comando dele.
Assim foi.
De novo retomado o almoço e a conversa das manas.
Nova campainhada. Desta vez, era a senhora da limpeza do prédio, que tinha ficado sem conseguir entrar porque não sabia onde estavam as chaves. Talvez nalguma porta. Talvez na garagem.
Lá desci de novo. Procurámos as chaves. Estavam por dentro na porta da garagem. Eram elas que impediam que a porta abrisse por fora.
Assunto resolvido e almoço e conversa retomados no ponto certo.
Por todo o país há festivais e festas de verão. Aldeias e cidades, montes e praias, repetem anualmente rituais de música, gastronomia e alguns ainda uma vertente religiosa.
E há sempre público para todo o género destas festas. Os que trabalham marcam férias, os que vivem fora ou no estrangeiro regressam por uns tempos e os mais velhos ficam contentes por verem os seus e as suas terras animarem-se, ao menos uma vez por ano, pois que o Natal ainda vem longe.
Mas todos se juntam orgulhosos da festa da sua terra, mesmo que a banda não preste e o tempo esteja mau.
Estes encontros e reencontros alimentam o sentimento de pertença tão português e sobretudo tão humano.
Pertencer a algum lugar, a uma tribo, a uma comunidade, a uma família, é dos desejos mais profundos de cada um.
Neste último fim de semana, muitas foram as localidades portuguesas que sofreram com os quarenta e tal graus de calor. A opção foi, ficar em casa em hibernação, ou dentro de água, se a houvesse, ou talvez dentro do fresquinho do cinema. Mas até a eletricidade teve falhas nalguns centros comerciais.
Conheço contudo, quem se queixe de que trinta e tal de temperatura, já é demais. Lembremo-nos de não dizer que é mau, porque ainda pode ficar pior.
Mas agora que regressámos aos trinta, sentimos todos um grande alívio.