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Ninguém é feliz sozinho

Ninguém é feliz sozinho

A benção da paz conjugal

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Era um jantar de amigos de longa data, cúmplices de muitos anos, e em casa de um dos casais.

A dona da casa, mãe de vários filhos e avó ainda de mais netos,  perguntou quem queria sopa. Inscreveram-se uns tantos. Sim, ela ia já buscar as sopas, mas a do marido, afiançou, seria aquecida no fogão, pois sabia muito bem que ele não queria comida que tivesse passado pelo micro ondas, essa máquina que ele repetia ser infernal, a espalhar radiações e outras coisas más.

Na cozinha, entre risadas, ela explicava às amigas, «agora ponho o tachinho no lava louças, com água e a concha suja, só para manter as aparências e a sopa vai para o micro ondas, como as outras, é muito mais rápido e dá muito menos trabalho, pois então.» 

Entretanto na sala, o marido explica aos amigos, «sei muito bem, que ela vai aquecer a minha sopa no micro ondas, mas deixo-a sempre fazer esta graça.»

E pronto, aqui está mais um exemplo de almas gémeas e harmoniosas, em perfeita sintonia e paz conjugal. 

Cabeças quadradas

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Em tempos ouvi um dos meus filhos chamar-me «cusca». Acho que «cuscos» ou curiosos somos todos, talvez uns mais do que outros, mas na verdade parece que as histórias vêm ter comigo.

Foi esta semana, num restaurante rápido no centro da cidade. À hora de almoço, a senhora estava sentada numa mesa sozinha diante de uma chávena de café vazia, com uma canadiana apoiada numa cadeira, a rabiscar palavras cruzadas numa revista,

Agarra no telemóvel e vai de telefonar para a filha, «que tinha muitas saudades dela, tinha pena de a ver tão poucas vezes, que da última vez, ela nem tinha subido para a ver, apenas mandara lá acima o neto para ir buscar uma coisa, que a filha vivia longe, na Costa da Caparica, mas que para quem tinha carro não era nada, e ela não tinha quem a levasse lá, e a dor na perna também não ajudava a andar de transportes.»

A solidão das mães e pais que criaram e viram partir os seus filhos, pode ser muito grande, sabemos.

Mas no meio de tanta queixa, a que se percebia que a filha lhe ia respondendo, «eu também tenho muitas saudades tuas, mas tenho tido muito trabalho»,  continuou a senhora, «mas sabes, o teu irmão mesmo que saia às tantas do trabalho consegue vir ver-me todos os dias, para ao menos me dar um beijo.»

Ai mães, mãezinhas, ai cabeças quadradas ou cúbicas, se a filha tinha pouca vontade de a ver e sobretudo de a ouvir, depois deste sermão, talvez regular, não imagino, a vontade ainda devia ser bem menor. 

Negras flores

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 A história da «Tulipa negra», romance de Alexandre Dumas, pai, é por demais conhecida. 

Tem a ver com a loucura que no século dezassete, invadiu os Países Baixos, e os botânicos de então, no cultivo e cruzamento de bolbos de tulipas, planta originária da Turquia, na demanda de variedades e cores raras. O maior desafio seria conseguir a cor negra, o que aconteceu, após muitos esforços, com a mistura dos tons azul e vermelho. 

Os preços dos bolbos subiram de tal forma, que se diz que chegaram a atingir o valor de uma casa e que essa inflação deu origem ao primeiro «crash» bolsista documentado, quando os valores desceram de forma rápida e inevitável. 

Ainda hoje a Holanda é admirada pelas suas tulipas, sendo a floricultura uma das suas principais exportações.

Mas na foto não estão tulipas, mas sim umas belas petúnias negras, cor rara e muito especial, que vos deixo por simples deleite e sem outras preocupações.

Quando vi nem percebi o que era

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Vi uns homens a colarem cartazes nas paredes da estação do Metro. Olhei, mas a princípio até me pareceu uma língua esquisita, as tais cruzinhas ou «hastags», como se diz em linguagem de rede social, não facilitaram a leitura e não percebi do que se tratava.

Os homens agiam depressa e desapareciam num instante e a iminência do comboio não me deixou assimilar a coisa.

Ao mudar de linha noutra estação, consegui então ver o cartaz com o convite para dizer olá a quem desce ou a quem sobe a escada ou a quem entra ou sai da estação.

Achei uma boa ideia. Cumprimentemo-nos pois, se não de viva voz, ao menos interiormente.

Sorrisos ajudam e precisam-se.

Fez-se história e não só no Benfica

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E ontem fez-se historia e não só com o tetra campeonato do Benfica, foi um dia cheio de emoções. Já se sabia que o treze de Maio era especial, mas mais dois santos portugueses, a vinda de um novo Papa a Fátima, e no fim a vitória de Salvador no festival da Eurovisão da canção é caso para dizer que Portugal está em alta. 

Parabéns para os portugueses.

A semana de Fátima

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A fé não se explica, sente-se ou vivencia-se, ou não se sente, nem se vivencia. Pode surgir em qualquer momento das nossas vidas, pode fugir, quando menos se espera, mas é considerada um dom.

Olhar para as fotos de Fátima e dos pastorinhos, há cem anos atrás, crianças pobres, descalças, não escolarizadas, a trabalhar nos campos áridos, para ajudar a dar de comer às suas enormes famílias, faz-nos refletir. A história tinha tudo para se diluir ou desaparecer no esquecimento e tal não aconteceu. Logo naquele ano de 1917, se impôs a ricos e a pobres, a autoridades, a religiosos e a leigos.

As fotos da época, não enganam, nelas aparecem as senhoras de chapéu e casaco comprido e as mulheres do povo com xaile e lenço na cabeça, os homens com colete a mostrar a corrente de ouro do relógio de bolso e os trabalhadores do campo, alguns descalços, outros com cajados, com os seus barretes  e roupas campónias. 

E Fátima continua a impor-se até hoje, porque a sua mensagem é universal, atravessa continentes, cruza religiões. É uma mensagem de esperança, apelo à paz entre os povos e à união das famílias. 

 

 

Transportes públicos, Metro e Lisboa

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Há carros a mais nas grandes cidades, e agora falo por Lisboa, onde circular e estacionar é muitas vezes um problema. Por isso, anda-se muito mais depressa de transportes, sobretudo de Metro. Mas os serviços prestados pelo Metro, apesar do alargamento das linhas, ou até talvez por causa dele, têm vindo a piorar, é uma constatação.

Os comboios escasseiam, não são regulares, as carruagens vêm cheias, apresentam-se sujas e desgastadas, há muitos atrasos, falhas, paragens, interrupções ou «perturbações na linha», como lhe chamam.

Ora, manda o bom senso, que devia ser norma suprema de uma empresa pública, que antes de serem investidos milhões em mais obras e alargamentos na rede, fossem isso sim, melhorados os serviços que existem.

Com o  Metro a funcionar como deve ser, muitas deslocações de automóvel seriam escusadas e também os autocarros circulariam melhor, cumprindo os seus horários, o que neste momento é quase uma lotaria devido ao caos no trânsito.

As cidades só têm a ganhar com a melhor qualidade dos serviços públicos de transportes.

Mais cinema e desta vez italiano

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Está em exibição entre nós uma comédia italiana, «Se Deus quiser», que ganhou uma palma em Cannes para melhor primeira obra de Edoardo Maria Falcone, e que entre risos, música e ritmos certos nos leva a refletir nos insondáveis caminhos do Senhor.

Conta a história de um reputado cirurgião italiano, ateu convicto, que costumava responder a quem lhe dizia, após salvar mais uma vida, «o senhor fez um milagre», «não não foi um milagre, eu apenas sou competente.»

Porém, as suas certezas são postas em causa, quando um dos seus filhos, para quem ele sonhava igualmente com uma carreira médica, lhe comunica com um sorriso de grande felicidade, que quer ser padre. 

Vai então aproximar-se do padre inspirador do seu filho, na procura dos seus pontos fracos, mas acaba a ajudá-lo, embora contrariado, na recuperação de uma velha igreja abandonada. Perguntando-lhe depois, a razão de a estar a recuperar, o padre responde-lhe, «porque era a igreja onde a minha mãe ia, e porque lhe dei tantos desgostos enquanto ela viveu, que gostaria agora de lhe dar esta alegria.»

E muita coisa mudou a partir daqui. Mas vão ver o filme, que não se vão arrepender. 

Potes ou calhandros

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A tia tinha um pote destes num corredor escuro, que servia para enfiar as bengalas da avó e também os chapéus de chuva da família.

Já ninguém se lembrava que pote era aquele. Sim, tinha vindo da casa da mãe, há muitos anos, isso ela sabia.

Ora, aqui estão eles, bem documentados no Palácio Pimenta, que acolhe o Museu da cidade de Lisboa.

Tratam-se de potes, do século 19, também chamados calhandros, vasos altos de formato cilíndrico, em faiança esmaltada azul e branca, que serviam para controlar os despejos na via pública dos dejetos humanos, os tais que se faziam pela janela abaixo, aos gritos de «água vai».

Guardavam-se em casa, enchiam-se e eram depois diariamente transportados à cabeça, por mulheres, a quem chamavam calhandreiras, para serem despejados no rio em locais próprios.

Se a tia ainda cá estivesse ficava assim mais esclarecida.

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