Passo com frequência em Campolide, bairro onde vivi na meninice e onde se situa a escola básica Mestre Querubim Lapa, que deve o seu nome a belíssimos painéis de azulejos deste autor.
Esta escola é uma construção dos anos 50 ou 60 do século passado, e não como vem referido no site da Câmara Municipal de Lisboa, do ano de 1976, e que bem precisa de ser corrigido, o quanto antes.
Tal edifício é muito especial para mim, pois foi a escola da minha primeira e até à quarta classe, e onde conheci a minha primeira professora a Dona Dalila. Parece que me posso incluir no grupo maioritário das pessoas que guardam boas recordações da suas primeiras professoras e continuam a lembrar-se do seu nome muitos anos depois.
Mas estou a desviar-me do assunto, e se falo hoje desta escola, é pelo facto de a mesma estar a ser, após anos de descuido, primorosamente recuperada.
Podemos então dizer, que assim até dá gosto, ver o nosso património bem tratado, como merece.
Outrora dizia-se, «sarampo, sarampelo, sete vezes vem ao pelo», como forma de justificar a diversidade de doenças infantis causadoras de exantema, ou as tais pintinhas ou bolhinhas.
Anos de investigação e de investimento, resultaram em vacinas eficazes e de distribuição gratuita. O sarampo está «quase» erradicado no mundo desenvolvido.
Claro, que em vários países ainda morre muita gente com esta doença. E escusadamente choramos hoje, a morte de uma menina portuguesa com 17 anos, não vacinada.
Por uma opção da sua família, com certeza, agora amargamente arrependida. Surgiu uma corrente a defender que algumas vacinas podiam desencadear o autismo. Talvez, haja alguma relação, não se sabe.
Mas uma coisa é certa, uma simples vacina poderia ter evitado esta morte.
Às vezes pergunto-me qual a razão do sucesso da «Padaria Portuguesa», e também de outras cadeias de padarias e afins, que têm agora surgido. Elas abrem por todo o lado, e a fórmula parece um ovo de Colombo.
Ele é a sandes, a sopa do dia, o sumo fresco, as refeições rápidas, os empregados jovens e simpáticos e muitas novidades sempre, para ir mantendo o interesse dos clientes.
O pão é um alimento muito consumido entre nós, relativamente barato, saciante e fácil de transportar e rechear.
O cheiro do pão quente faz parte das memórias olfativas da maior parte dos portugueses.
Foi das primeiras padarias a abrir, uma, na Rua do Ouro. Andei outro dia à sua procura e estava fechada, com um letreiro, a indicar que se tinha mudado para novas instalações na mesma rua.
Fui ver onde. Era nem mais nem menos, na antiga pastelaria Central da Baixa. O espaço está renovado, espaçoso e arejado, padronizado como é costume.
Mas foi-se uma memória da baixa, mais uma que se foi, como tantas. E a Confeitaria Nacional e a Versalhes, será que resistem?
Eram quatro amigas, jovens e bem arranjadas, numa tarde de sol lisboeta, sombreada pelos bambus.
Uma delas, com uns bonitos óculos verdes, queixava-se que lhe tinha telefonado a Micas, a dizer que «como ela estava solteira, tinha pedido ao Miguel que a acompanhasse à festa da Inês.»
A dos óculos, indignava-se, «foi pedir ao Miguel, sem sequer me ter perguntado nada...»
Numa cena que poderia ter surgido nas séries americanas, «Sexo e a cidade», ou mais recentemente no «Girls», as outras concordavam.
Aquilo não se fazia, não senhor.
Eis então que remata a menina dos óculos, «sim, pois se é para arranjar um acompanhante ou um namorado ou um não sei quê, eu arranjo, de um dia para o outro, nunca tive dificuldade, pode é ser um cabrão como os outros.»
Todas riram, mas não houve nenhuma que dissesse, «tu tens é tido pouca sorte, e isso vai mudar, verás.»
Escassa vai a fé das jovens nos seus companheiros masculinos.
Agora na primavera e a pensar em menos roupa e na praia, aumentam os, ou as, porque são sempre mais as mulheres, praticantes de atividade física.
Eu costumo fazer regularmente yoga e pilates, e nestes últimos dias os ginásios têm enchido.
Chegam algumas pela primeira vez, inscreveram-se e pagaram desde outubro para ficar mais barato, mas dizem, só agora, conseguir aparecer. Misturam-se com as mais assíduas, que as olham desconfiadas, com medo que lhes retirem o tapete do canto, ali mesmo onde se costumam instalar, para poderem olhar de frente para o espelho, ou para ouvir melhor o professor.
Os poucos homens que aparecem, são sempre os que se queixam do calor e que pedem o ar condicionado ainda mais fresco. Logo, as mais friorentas correm a colocar as malhas e as peúgas.
Também surgem as distraídas que se esquecem de desligar o telemóvel, que acaba em regra, por interromper estridente a meditação final do yoga.
Mas uma coisa é certa, depois de cada aula vão todos mais satisfeitos com o seu dia.
Este ano depois do verão vão repetir-se as eleições para as autarquias. Ora a campanha eleitoral já se faz sentir e bem, tanto mais que me parece que os cofres da Câmara de Lisboa, estão agora mais recheados, com o acréscimo do turismo e as receitas das taxas e taxinhas,
No meu bairro, tudo começou com a instalação de um parque infantil, para os mais pequenos poderem brincar em segurança, enquanto os pais e as mães ficam sentadinhos a ver as suas brincadeiras. A seguir, decidiram arranjar um velho largo com alfarrobeiras, carros ferrugentos e muito abandono. Ao mexerem no solo, verificaram que as condutas de água estavam podres e por entre alguns cortes de água, já as foram substituindo.
Algumas ruas foram asfaltadas de novo, o que em cerca de trinta anos nunca tinha visto, apesar da existência de crateras ameaçadoras.
Agora a EMEL está a marcar os espaços, pois o estacionamento vai ser pago. Mas isto, tem alegrado os residentes, devido ao estado caótico da coisa.
E os carros do lixo e da Junta de Freguesia, que nos aparecem, são agora todos novos e reluzentes.
Por último, veio uma senhora à minha porta a indagar das minhas sugestões ou críticas sobre a atuação da Junta, o que não me lembro de alguma vez me ter acontecido.
Segue assim a campanha eleitoral, em beleza. Ao menos que saibam gastar o dinheiro em coisas úteis para as populações..
O consumo de chocolate cresce nas épocas da Páscoa e do Natal. Mas na União Europeia, os portugueses ainda são os que menos o consomem, talvez pelo seu preço elevado, atingindo por ano, e por pessoa, menos de dois quilos, muito aquém dos mais de dez quilos consumidos no Reino Unido e na Alemanha.
O cacau existia na América Latina, onde era tomado como bebida, amarga e energética e Portugal contribuiu para a sua divulgação, ao introduzir cacaueiros brasileiros nas ilhas de S. Tomé e Príncipe, onde ainda hoje são cultivados e com boa qualidade.
O chocolate sabe bem, torna-nos mais felizes, e comido de forma moderada, não é tão engordante como se pensa, sobretudo se for negro e com pouco açúcar, e além disso, faz bem, pois ajuda a combater o colesterol.
Na Páscoa que se aproxima, quando nos deliciarmos, com os ovos ou as amêndoas de chocolate, lembremo-nos da frase do nosso poeta, Fernando Pessoa, «come chocolates, pequena, come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolate.»
E enquanto o houver, digo eu, pois a produção será escassa de acordo com as previsões de aumento do seu consumo.