Gosto de éclairs e estou talvez, erradamente, convencida que os ditos, serão menos engordantes que muitos outros bolos, dado que são feitos com uma massa pouco doce, que fica oca, e depois é recheada com creme. Este sim, em regra com muito açúcar, mas adiante.
Ouvi falar de uma nova casa de éclairs que nasceu no Porto, há quase cem anos, e veio agora para Lisboa e lá fui eu experimentar.
Pois digo sinceramente, que não são os meus preferidos, porque levam quase todos chantily, de que não sou grande apreciadora. Mas fiquei a sorrir para a diversidade de salgados, inclusivé éclairs salgados, e de queijos que a loja dispõe e que me pareceram de muita qualidade.
Para quem quiser saber, fica na Avenida João XXI, perto do edifício sede da Caixa Geral de Depósitos.
Ainda não tinha visitado o novo Museu dos Coches. E apesar de me fazer lembrar, por fora, um grande caixote de betão, fiquei deslumbrada com a riqueza da sua coleção. Ou seja, os coches não perderam nada por estarem dentro daquelas despojadas paredes de cimento. Sem dúvida, ganhou-se mais espaço, melhores condições expositivas e de iluminação e as peças sobressaem na sua beleza.
E aqui fica um pormenor de uma das suas obras primas, o coche dos oceanos, que integrou a embaixada que o rei D. João V enviou ao papa Clemente XI, em 1716, há cerca de 300 anos, e na sequência da qual o papa elevou o bispo de tal monarca, à categoria de patriarca, passando a cidade de Lisboa, a ser considerada uma das três cidades patriarcais. As outras são Roma e Veneza.
Entre os visitantes do Museu estava um grupo de adolescentes e ouvi de um deles, o seguinte comentário, que me fez sorrir: «Olha o «Air Force One», da altura.»
Podemos bem imaginar o que seria o desfile destes belos coches, puxados por várias parelhas de cavalos pelas ruas das cidades dos séculos XVII e XVIII.
Nem sempre os nossos animais tem este ar sereno e tranquilo como o da foto.
A minha Charlotte, cadelita meiga e simpática, é capaz de pôr uma casa em rebuliço, sem atender a horários ou tormentas.
Foi o que aconteceu numa destas noites. Tive de a levar à rua, numa urgência, em pijama e casacão por cima.
Mas em vez de regressar prontamente aliviada, comecei a estranhar porque nunca mais me aparecia. Chamei sem êxito.
De repente, rebenta uma chuvada e trovoada monumental. E a bicha que costuma recusar-se a sair debaixo de umas pinguitas que sejam, nada de retornar.
Resolvi voltar a casa para ir buscar chapéu de chuva, gorro e o que mais fosse preciso para enfrentar o temporal.
Eis senão quando, ao olhar pela janela a vejo na rua, escondida atás dos carros, ensopada mas consolada, a cear uns restos de comida ali caídos, que depois verifiquei serem de leitão.
Pode-se dizer que o leitão tem muitos apreciadores.
Há muitos heróis escondidos no meio de nós. Pessoas que lutam e defendem as suas causas, mas cuja luta nem sempre termina bem. Estou-me a lembrar de Nelson Ramos, pai de duas meninas intencionalmente afogadas pela mãe, (chamemos-lhe assim, mas não merece este nome), na praia de Caxias, em fevereiro do ano passado.
Ao separar-se da sua companheira e mãe das crianças, agora condenada pelo tribunal à pena de prisão máxima, 25 anos, bem tentou lutar por elas, ficando com a sua guarda. Foi infamemente acusado pela progenitora de maus tratos às crianças e abusos. Suponho que aqui talvez o preconceito tenha funcionado contra ele.
E foi uma tragédia o que veio a acontecer.
E agora terá de viver o resto dos seus dias a fazer o luto pela perda das suas duas meninas.
Anda por aí uma petição para exigir que a Assembleia da República legisle sobre o excesso de peso nas mochilas, que as crianças são obrigadas a transportar para as escolas.
Mas infelizmente, acho que fazer uma lei, mais uma, não vai mudar nada.
O peso das mochilas aumentou, porque os livros e cadernos aumentaram. Para cada disciplina são agora precisos vários destes. Depois há o material de desenho, estojos de canetas de feltro, lápis de cor, aguarelas, os equipamentos de desporto e também muitas vezes, a merenda da manhã e da tarde, ou ainda a lancheira com o almoço.
É bom sim, que nos preocupemos, porque o excesso de peso decerto não é saudável, mas será um assunto a ser resolvido sobretudo com bom senso e não através de leis.
Os pais, as escolas, os livreiros, os editores, e os programas curriculares do Ministério, bem podem fazer um esforço conjunto, para aligeirar as mochilas dos mais novos.
Os cacifos nas escolas, a imposição de menos livros e mais leves, menos trabalhos para casa, melhor distribuição dos horários e das datas dos testes. Tudo isso pode ajudar a aliviar a carga, que bem preciso é.
Gosto de cinema e vou ao cinema regularmente. Confesso ainda, que também gosto de musicais. Já aqui referi que o melhor filme que vi nos últimos tempos foi «Silêncio», que apenas tem uma nomeação para os Óscares de Hollywood, numa categoria técnica, «melhor fotografia».
Fui agora ver o filme nomeado em 14 categorias, e desilusão, trata-se quanto a mim, apenas de um filme engraçado, bem apresentado, com bons actores, que até se esforçam para cantar, e dançar, mas com pouca chama. Vá lá, destacam-se as primeiras e as últimas cenas da película, essas sim, muito bem feitas, ao melhor estilo da tradição dos musicais da Broadway.
O resto é quase um desapontamento, um arrastar, sem brilho, muito aquém do «Moulin Rouge», do «Chicago», do «Mamma Mia», ou até do mais recente, «Salvé César», também merecidamente nomeado, em «direção técnica», todos musicais.
Ai América, América, que ultimamente só nos dás desgostos.