Pelo meu aniversário ocorrido em novembro, fui presenteada com três exemplares, (sim 3, mas faziam-se acompanhar de talão de troca, pelo que nada se perdeu), do último livro de Isabel Allende, que se chama «O amante japonês».
Acabei agora de o ler e gostei muito.
Trata-se de uma história de balanço de vida, ou de vidas, muito bem escrita e com uma boa trama, que invoca a Europa nas vésperas da segunda guerra mundial, e termina nos Estados Unidos, em S. Francisco, em 2013. Mais uma vez, um retrato de fortes heroínas femininas. Alma, a polaca judia, que os pais enviam menina, para casa dos tios em S Francisco, com medo do avanço nazi, personagem central que partilhou décadas de um amor escondido com um japonês que conheceu, ambos crianças. Irina, a jovem moldava vítima de violência pedófila, que procura sobreviver, escondendo-se dos seus pesadelos e temendo os homens.
Também as personagens masculinas são importantes, pela dedicação, sentido de proteção e entrega.
Ontem tomou posse um novo governo do País, resultante de umas eleições ocorridas há quase dois meses.
Fazia falta, concordamos. Há que tomar decisões importantes, mais custosas para todos, quanto maior for o seu adiamento.
Quer se goste ou não desta opção política, aquilo que devemos desejar é que o governo governe e já agora que governe bem, ou o melhor possível...ou pelo menos, e já não é pedir pouco, com os pés bem assentes no chão.
Sejamos claros, estes atentados, guerras ou actos terroristas, que tanto desestabilizam a Europa, os Estados Unidos e também os Países Árabes, nada têm a ver com a religião, pois são acima de tudo ações praticadas em nome do ódio.
Ódio de alguns muçulmanos contra os cristãos.
Ódio, por verem os seus países, grandes produtores de petróleo, que exportam para ocidente, bem essencial nas sociedades desenvolvidas, a ficarem para trás em termos de desenvolvimento humano e económico.
Ora, nem sempre foi assim, houve tempo em que o mundo árabe foi mais desenvolvido do que a Europa.
Recordo uma imagem, transmitida por amigos que visitaram Israel, «do alto do monte das oliveiras, vê-se a grande cidade de Jerusalém, e logo se distinguem as suas zonas, a parte rica e desenvolvida pertence aos judeus e a parte mais pobre e desorganizada é habitada pelos árabes.»
É assim a situação de grande parte dos países árabes, com elevadas taxas demográficas, populações muito jovens, sem trabalho nem ocupação, para além de irem à mesquita. Se juntarmos a isto, os conflitos armados, a corrupção dos seus governos, a fraca escolaridade, ou o ensino religioso, a ausência de liberdades e as ditaduras, temos uma situação explosiva como a que vivemos neste momento.
Como inverter esta situação?
Este é também um desafio para a Europa e para o mundo ocidental.
Com o aproximar do Natal são muitos os lançamentos de livros e vários destinados aos mais jovens.
Mesmo assim, venho hoje falar de uma obra especial e importante pela sua temática, a educação fiscal, assunto muitas vezes desvalorizado, que se insere num projeto para a Cidadania e Educação Fiscal, apadrinhado pela Ordem dos Contabilistas Certificados, lançado pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e pelo Centro de Investigação de Direito Económico, Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito de Lisboa.
Trata-se do livro na imagem, «A Joaninha e os impostos. Uma história de educação fiscal para crianças» da autoria de Clotilde Celorico Palma, que é também criadora das figuras da Joaninha, Fisquinho, Gastão, Rudy e Pia, as personagens desta pedagógica história infantil.
Pois, como diz o ditado, «é de pequenino que se torce o pepino.»
Estavam à minha frente na fila da caixa do supermercado, um rapaz e uma rapariga, aos beijinhos e abraços, olhos nos olhos, sorridentes a irradiar felicidade, a comprar mantimentos para o fim de semana a dois, que se avizinhava.
Tudo parecia perfeito, até que ouço o jovem dizer para a sua companheira, «e então hoje também me podes arrumar o quarto?»
A rapariga ficou hirta, furiosa, e todo aquele ambiente de felicidade solar se desvaneceu.
Ficou apenas a sombra triste e gélida.
É que ele há coisas que se podem ou não dizer e há momentos próprios para cada uma, convém saber.
Conheço um restaurante agradável, muito frequentado.
A comida é boa e costuma ter sempre muita gente, quer ao almoço, quer ao jantar.
O pior ainda, é encontrar lugar para o carro.
Mas há sempre gente muito criativa.
Um destes dias, alertada por incessantes buzinadelas, lá fui espreitar o que se passava: um carro estava estacionado na rampa da garagem do prédio do restaurante, impedindo a entrada ou saída e o alarido partia de uma viatura que queria entrar na garagem, bem como de outras várias viaturas que não podiam circular na rua estreita, dada a situação.
Tudo empancado!
Eis senão quando, de dentro do dito restaurante, sai um comensal com ar algo incomodado, por ter sido interrompido na sua refeição, e mediante a gritaria dos outros condutores lá tirou o carro, com alguma má vontade, ousaria dizer.
E pronto, dá para imaginar estacionar o carro a barrar uma entrada de uma garagem e ir almoçar?
Os atos terroristas levados a cabo no final da sexta feira, dia 13 de novembro, em Paris, atormentam as nossas sociedades livres, multiculturais, tolerantes e respeitadoras da diferença. Não digo que sejam sociedades perfeitas, mas recordemos que não será por acaso, que há neste instante, milhões de pessoas a quererem viver entre nós.
Ora, estes atentados, acima de tudo, atormentam e entristecem as nossas consciências.
Porquê?
Para quê tanto ódio?
São as questões que todos nos colocamos.
Mas lembremo-nos que é isto que os terroristas pretendem, encher-nos de medo, impedir-nos da assistir a um concerto, de vibrar com um jogo de futebol ou de apreciar o entardecer numa esplanada.
Apesar de sabermos que ninguém está a salvo, devemos reagir e recusar ceder. O ódio não pode vencer, terá de ser a nossa resposta.
Já agora uma questão lateral, sendo o Semanário «Expresso» um jornal de referência em Portugal, como compreender que a sua última edição, distribuída no sábado dia 14, não contenha qualquer referência a estes acontecimentos? Com os meios de agora, como explicar este silêncio, quando todos os outros jornais, diários, conseguiram trazer estas notícias para as suas primeiras páginas?
Portuguesa, viveu quase toda a sua vida no estrangeiro, a trabalhar para organizações internacionais, andou por África, pelos Estados Unidos, sendo que ultimamente vivia na Suíça, em Genebra.
Na primavera, numa consulta de rotina em Genebra, foi-lhe detetado um nódulo no peito, e então decidiu regressar e ser cá tratada.
Foi operada e seguiu os tratamentos recomendados, primeiro a quimioterapia e agora a radioterapia.
Está melhor e já com esperanças de pode ir passar o Natal à Suíça, com o marido que lá ficou e a filha.
Nem precisei de lhe perguntar, a razão da sua opção pelo tratamento em Portugal, porque me disse logo, «sabe, a minha escolha tem a ver com o facto de aqui os médicos olharem para os doentes como pessoas, e não só como mais um tumor, e a nossa medicina é de alto nível. Os portugueses queixam-se muito, mas por vezes nem sabem a sorte que têm.»
Ei-los que partem. São muitos e jovens, sobretudo.
Só na semana passada, no pequeno círculo de familiares, houve dois jantares de despedida, uma enfermeira partia para o Reino Unido e um engenheiro partia para a Alemanha.
Portugal é o País da União Europeia com mais emigrantes em proporção à população residente. Em 2013 e 2014 sairam 110 mil pessoas por ano.
Ei-los que partem e não só de Portugal. De igual modo, outros países europeus assistem a estas saídas.
Segundo o «Corriere della Sera», quase 90 mil italianos deixaram o seu país, no ano passado, o que atendendo aos 60 milhões de italianos é muito menos, em termos proporcionais, Mas também emigram os irlandeses, os espanhóis e outros mais.
Não é só o desemprego que os faz partir, muitos invocam principalmente, a oferta de melhores condições de trabalho.
Dizem que a «escada de ascensão social» não funciona, que o que há é um «funil social», (que me lembra esta foto) e que os empregos que aparecem, são incertos, precários e mal pagos.
E então quem nos chega?
Para além dos pobres refugiados, que desses não queremos falar agora, chegam-nos também os beneficiários do estado social, os reformados. As tais reformas que os jovens não sabem se alguma vez chegarão a cheirar.
Podemos vê-los por todo o lados, muitos ingleses, franceses, alemães, alguns a comprar casa e a fixarem residência, boas reformas, bom tempo, vida mais barata e ainda recebem os filhos e os netos de visita, nas férias escolares.
Vai assim a Europa e não me parece que vá muito bem.