Aqui na rua, habita uma cadela preta e branca, alegre e brincalhona, de nome «Laila».
A dona contou-me há tempos a sua história, que no fundo, coincide com a ideia dos «cães que estão à espera dos seus donos».
Uma outra senhora conhecida entra aqui, por ter recolhido uma cadela abandonada, que levou de seguida ao veterinário, tendo então descoberto que a mesma estava grávida.
Passadas semanas lá nasceu a ninhada.
Começa de pronto a procura de novos donos para a abundante cachorrada,
E vai de telefonar à minha vizinha, «tu não queres ficar com um cãozinho, são tão giros?»
Esta respondeu, «está bem se for um macho, pois não gosto de cadelas, dão muito trabalho e despesa, com isto e com aquilo...»
Concordaram na entrega de um macho, o que ela quisesse, seria a primeira a ir buscar o cachorro, poderia escolher.
Parecia assim, uma decisão fácil, dado que havia muito mais machos do que fêmeas.
Mas no dia da recolha, ao aproximar-se da ninhada, uma bolinha felpuda, branca e preta, veio logo alegremente a correr ao seu encontro. E a senhora conta, com um brilho nos olhos, «peguei logo nela, como poderia não o fazer?»
E aqui está a história da senhora que queria um cão e acabou por levar uma cadela, a feliz «Laila».
Partilha a nossa vida familiar, uma pequena cadelinha que esteve abandonada num canil, porque a dona da época já não tinha condições físicas para tratar dela, bem como de outros cães seus companheiros. E então entregou-os a todos naquele canil, onde ficaram enquadrados.
O facto de ser uma cadela com cinco anos, trouxe-nos muitas vantagens, pois já era suficientemente crescida e depressa aprendeu as novas rotinas, embora sofresse bastante com o «ficar sozinha em casa», pois que penso, lhe traria as memórias do abandono. Mesmo assim, tem vindo a melhorar e hoje é raro ladrar quando fica só.
Foi um caso de sucesso. A família ganhou um novo membro com a chegada da nossa «Charlotte» e conforme nos disse na altura, a responsável do canil, a adaptação da cadela só poderia ser um êxito.
Por isso eu lembro, não vale a pena gastar dinheiro a comprar cães, há tantos para adoção nos canis, grandes, pequenos, rafeiros, com «pedigree», é só ir lá e escolher...
Tal como refere a legenda da foto, que é uma placa num lugar público para prender as trelas dos cães, a verdade é que «eles lá estão à nossa espera» .
Sabemos que a população em Portugal tem vindo a diminuir nas últimas décadas, mas isso por si só, não constitui um problema.
Em Portugal, na Europa e no «primeiro mundo», o número de crianças tem diminuído, mas tal não acontece no «resto do mundo», pois que a população mundial tem aumentado. Perigosamente, referem alguns demógrafos.
Está bem, dirão, mas não são portugueses, nem europeus, e depois, pergunto eu?
A história do ser humano é uma história de migrações. E o mundo hoje é cada vez mais global.
Todos os dias morrem pessoas no mar Mediterrâneo cujo único fito era tentar chegar à Europa, terra de leite e mel, pensam alguns.
Não nos devemos preocupar com a baixa natalidade portuguesa, mas antes com a emigração dos nossos jovens à procura de trabalho e em idade de constituir familia.
Estas são imagens de Juromenha, um dos lugares mais bonitos do nosso país. Fica no concelho do Alandroal, nas margens do rio Guadiana e foi durante séculos disputada em batalhas. Conquistada aos mouros no reinado de Dom Afonso Henriques, dizem que por Geraldo o Sem Pavor, foi igualmente alvo de disputas várias com Espanha.
Valeu-lhe o rio como fronteira e por isso, ficou do lado de cá.
Afetada pelo sismo de 1755, foi contudo habitada intra muros até às primeiras décadas do século vinte.
Hoje as muralhas, a capela e o núcleo habitacional estão ao abandono.
Costumo dizer que se me sair o Euromilhões é ali que o vou empatar, pois sonhar por sonhar, ao menos que seja em grande.
É um local mágico, que beneficia ainda da beleza do enchimento da barragem do Alqueva e que merece uma visita.
Sim, há por lá tentadores turismos rurais, é só saber aproveitar...
Há algum tempo, mãe e avó minha conhecida, reformada da Banca, com uma reforma que contava ela, lhe haveria de chegar, queixando-se da sua situação familiar e do apoio que tinha que continuar a prestar à sua família, com o genro desempregado, a filha e a neta com baixos salários, comentava, «o que me vale é que o meu genro começou a plantar e a cultivar na marquise marijuana, para consumo dele, assim a familia sempre vai poupando o dinheirito que dantes era desviado para os cigarros, olha sempre é menos uma despesa...».
Pois, a necessidade aguça o engenho e a crise traz destas coisas.
Pois é, assim como estas pedrinhas umas atrás das outras, deveria ser o estacionamento na cidade de lisboa.
Mas, como sabemos, não é nada disso.
Carros em segunda, terceira ou quarta fila. Para entrar ou sair de certas ruas o condutor tem de perfazer uma verdadeira gincana.
Agora, na minha zona começaram a colocar parquímetros e o que aconteceu, foi que os residentes e os comerciantes ficaram contentes, pois o estacionamento confuso tem desaparecido. Também os clientes não se queixam, porque há sempre muito mais lugares para estacionar.
Claro que, quem se queixa são as pessoas que deixavam por lá os carros o dia inteiro e iam trabalhar para outros sítios, mas para estes deveria também haver parques de estacionamento acessíveis.
O estacionamento desordenado fugiu para outras zonas, ainda sem parquímetros, mas onde os residentes e os comerciantes desejam que eles venham depressa.
Muitas pessoas trabalham e no final do mês, quando esperariam receber a sua justa retribuição, ou seja o pagamento das suas horas de trabalho, recebem apenas da entidade empregadora, desculpas, de que «as coisas estão más, tenha paciência, pode ser que para a semana,...»
Além de ser uma imoralidade e tudo o resto que estão a pensar, julgo que muitas vezes são apenas desculpas de mau pagador e que a ideia inicial do empregador foi sempre beneficiar do trabalho e ficar a dever, justificando-se com a crise e dificuldades financeiras. Em suma, abusando da fragilidade e dependência do trabalhador.
Que tristeza.
Ontem deparei-me com mais um exemplo desta situação, uma mãe sem dinheiro para pagar a creche da filha, sem dinheiro para pagar a conta da água, estando já nos últimos dias destes pagamentos, tudo porque a entidade patronal não lhe pagou a tempo e horas.