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Ninguém é feliz sozinho

Ninguém é feliz sozinho

As nossas esplanadas

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 Haverá maior prazer, sabendo nós que na Europa ainda se tirita, que aproveitar o nosso sol radioso, este fim de semana que promete ser cem por cento primaveril, para visitarmos uma das nossas muitas e convidativas esplanadas e deixarmo-nos ficar a apreciar tudo o que de bom nos rodeia.

Pode ser perto da praia, com vista para o rio, para o bulício dos passantes, ou apenas debaixo de uma árvore florida.

Aproveitemos então.

 

 

Pelo Chiado abaixo

Uma destas tardes, ao entrar numa nova padaria da Baixa, encontro dois brasileiros, ambos com ar de turistas, um rapaz novo e uma senhora de mais idade, provavelmente a mãe,  ao balcão, a perguntarem ao empregado, «qual daqueles era o pão mais tradicional português»?

O empregado respondeu com dureza, «este pão aqui é todo espanhol». Percebi assim, que o estabelecimento que também para mim era novo, devia pertencer a  alguma cadeia espanhola.

Aí intervim eu, sublinhando que mais tradicional ou mais parecido com o português, deveria ser  um «daqueles» na prateleira, que os brasileiros logo encomendaram satisfeitos, agradecendo.

Mas metida conversa, gracejei, «estão a ver, aqui no nosso país ou as coisas são espanholas ou são chinesas, não sei como é no Brasil.» Entre gargalhadas responderam, «ai no Brasil também as coisas não estão fáceis, longe disso.»

Pois é, parece que a globalização, ou lá o que é, está por todo o lado a mudar as nossas vidas.

 

 

O uso (in)devido das tecnologias

violetas

 

Antes de começar a comer, fotografo várias vezes  o prato e envio as fotos pelas redes sociais para conhecidos e desconhecidos. Em vez de parar para apreciar a vista, saco do telemóvel e trato de fazer o envio das mensagens com as fotos.

Tenho visto muita gente fazer isto.

E pergunto, será para fazer crescer água na boca aos outros, para os fazer roer de inveja?

Há tempos, um pai recente dava conta do seu desapontamento ao assistir ao nascimento do seu primeiro filho, por, em vez de «viver o momento», se ter escondido atrás das lentes da máquina de filmar que afinal, por precipitação, nem conseguiu ligar, não tendo filmado nada, tendo isto sim,  perdido toda a emoção daquele momento único, de que se arrependia já sem remédio.  

Saibamos viver cada emoção, quanto mais ao vivo melhor.

Não há tecnologia que a possa substituir.

 

Ainda a propósito do dia internacional da mulher

Ontem comemorou-se o dia internacional da mulher.

Ouve-se cada vez mais perguntar os «porquês» e os «para quês» desta comemoração.

Mas basta olhar à volta para perceber como, infelizmente, ainda faz falta uma data que nos lembre a situação das mulheres.

No nosso país elas continuam a ganhar cerca de 20 a 30% menos do que os homens.

A participação feminina nos lugares políticos ou empresariais é ainda muito baixa. 

Por outro lado, são assustadores os números que nos falam da persistência de violência doméstica, o número de mulheres mortas pelos maridos ou companheiros e o facto de esta violência ser muitas vezes já existente no período do namoro.

E que dizer da existência de países onde as mulheres nem sequer podem conduzir o seu automóvel?

E que dizer da prática da mutilação genital feminina?

E que dizer de os prémios desportivos serem em regra inferiores para as mulheres, assim como o «cachet» pagos aos atores e atrizes?

Tantas as razões que justificam ainda esta data comemorativa.

 

Outros blogs interessantes

Por vezes sigo este blog, «Casal Mistério», sobre apreciação de comidas e restaurantes, que aqui vos aconselho, no caso de não o conhecerem.

Para além de receitas originais, apresenta ainda uma crítica a restaurantes, com o melhor e o pior, em que por vezes vem indicado como o pior, o frio das respetivas salas.

Na verdade, tenho entrado em salas gélidas, com as portas e as janelas abertas, tudo em corrente de ar e sem qualquer aquecimento.

Mal se consegue tirar o casaco.

Mesmo que a comida seja boa, a pressa de sair será sempre muita e a vontade de voltar, pelo menos no tempo frio, será nula.

Conviria que os donos dos restaurantes prestassem também alguma atenção ao conforto das suas salas, fatores  que podem atrair ou afastar clientes.

Por isso, achei curiosa esta referência. 

 

http://www.casalmisterio.com/

Coisas do antigamente (continuação)

Uns anos depois, havia já duas crianças nascidas dessa  feliz união.

Um dia, estava a mãe de Amélia à janela da sua casa, a comer laranjas, quando vê passar na rua, um menino e uma menina acompanhados de uma criada, bonitos e bem arranjados, e pergunta então surpreendida, «Quem são estas crianças?»

Ao que a criada lhe terá respondido, «Não os conhece? são os seus netos, filhos da sua filha Amelia».

Furiosa, atirou as cascas das laranjas para cima dos passantes e vai de fechar a janela com força.

 Esta história sempre me deixou perplexa com tamanha cegueira, tamanho preconceito. Como é possível viver ignorando a existência de uma filha, de um genro e dos próprios netos, que para mais, viviam todos na mesma aldeia? Como é possível, não perdoar, não aceitar, não seguir em frente, como se diz agora. Mesmo com as brumas dos primórdios do século passado trata-se de uma história de difícil compreensão.  Que mal lhe tinham feito as crianças, que nunca quis conhecer?  Veio a morrer sem nunca se ter reconciliado com Amélia, que ficou viúva cedo e teve que criar os filhos a maior parte da sua vida sózinha.  

Amélia foi uma mulher livre que fez uma opção de vida estranha na época, escolheu casar por amor e viveu depois de acordo com essa sua escolha.

Coisas do antigamente

Nunca conheci nenhum dos meus quatro avós. O pouco que sei deles foi-me contado pelos meus pais, tias  ou tios.

Há uma história contada pela minha mãe, sobre a mãe dela, a minha avó Amélia, de quem herdei o nome.

Ora recuemos, até às primeiras décadas do século passado.

Era a minha avó Amelia uma jovem casadoira, quando ao acompanhar os pais na missa de domingo numa pequena aldeia da Beira Baixa, distrito de Castelo Branco, ouviu surpresa o padre anunciar o seu casamento para breve e não com quem ela desejava.

Na altura penso ser esta a prática.

Amélia já tinha um «conversado», um jovem farmacêutico, recém chegado à aldeia. 

Mas os pais e sobretudo a sua mãe, tinham escolhido para genro um outro, por o acharem mais conveniente do ponto de vista das «terras» que possuía ou que poderia vira a possuir, sendo que na época a agricultura era quase a única base do sustento daquelas familias. 

Amélia bem implorou, em vão. O tempo passava e em desespero,  os jovens tomaram uma decisão, que naquelas circunstâncias implicava o rapto de noiva, que contou com o apoio do seu pai, a fuga e o casamento apressado celebrado por um padre de uma aldeia vizinha.  

Voltaram os recém casados a viver na mesma aldeia onde o marido montou uma farmácia e prosperou, sendo que a mãe de Amélia, inconformada, cortou por completo relações e dizia a toda a gente, «a minha filha morreu.».

(continua)

 

Almoço com pombos

pombos.jpg

 Um destes dias passei uma manhã muito agradável a visitar o Museu Nacional de Arte Antiga.

Chegada a hora da refeição e apesar de estarmos no inverno, resolvi almoçar no bonito jardim do museu, porque o dia estava frio mas solarengo. Ao princípio, os pombos andavam por ali, mas sem se aproximarem em excesso. Nada de estranho, pensei.

Contudo, mal pouso os talheres no final da refeição, salta logo um para o prato, por sinal bem gordinho, o que vim a deduzir, deve ser dos petiscos que vai roubando aqui e ali.

Veio logo outro pombo e então foi um banquete para ambos, primeiro, desapareceram os talos dos bróculos e depois os baguinhos de arroz um a um.  

 E assim foi o meu almoço, com a companhia dos pombos. 

 

 

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