Recentemente foi muito comentado o facto de Michelle Obama ter aparecido na Arábia Saudita nas cerimónias oficiais do funeral do rei Abdullah, com a cabeça descoberta, ou seja, sem o uso do véu que é imposto em regra, às mulheres em certos países árabes.
Digo em regra, pois tendo visitado alguns destes países, constatei que nem todas as mulhers usavam véu, havendo muitas, talvez as mais novas, vestidas de forma ocidental, com calças e saias curtas.
Durante a minha vida profissional, participei em cimeiras mundiais, na Europa, em que estados árabes havia, que se faziam representar por mulheres completamente tapadas, de vestes negras, com cabelos e rosto escondidos, ficando de fora apenas os olhos. Algumas até usavam luvas...pretas, também.
E era nestes preparos que compareciam às reuniões e coisa espantosa, se deixavam fotografar para o cartão de identificação e segurança, obrigatório. Penso, que a foto deste cartão dificilmente poderia servir os seus intentos, pois como identificar um rosto apenas pelo olhar...?
No entanto, a europa, o ocidente, aceitava e permitia estas condições.
Então se assim é, porquê obrigar uma mulher ocidental a cobrir a cabeça na Arábia?
Michelle Obama com a sua notoriedade, fez muito bem, ao escolher estar presente de cabeça descoberta, em nome da afirmação da liberdade das mulheres ocidentais e também das mulheres destes países.
Quem como eu, trabalhou longos anos na «baixa», assistiu ao seu declínio, à sua desertificação, ao abandono e encerramento de lojas.
Durante anos, ao sair do trabalho, depois das 19 horas, quase não se via ninguém nas ruas, era um susto até chegar aos autocarros e mais tarde, ao metro.
Ao abandonar esta minha atividade profissional, posso dizer que assisti com alegria ao ressurgimento desta zona da cidade.
Primeiro foi a reconstrução do Chiado, depois do incêndio, pois há males que vêm por bem.
A seguir foi a requalificação do Terreiro do Paço, a abertura dos cafés e das muitas esplanadas que criaram um polo de atração e deram vida a uma praça, que nos anos 70, ainda me lembro de ser usada como parque de estacionamento.
A conclusão das obras na frente ribeirinha também valorizou e muito, esta zona,
Mais recentemente foram os cruzeiros: diariamente e durante quase todo o ano, chegam à cidade, grandes embarcações cheias de turistas, que mesmo que não vão mais longe, sempre passeiam pelo quadriculado daquelas ruas.
Os lojistas da baixa, tem acesso a um «site» informativo da atividade portuária e sabem exatamente quais os paquetes que vão chegando e a capacidade de cada um.
A baixa de Lisboa ressurgiu, ganhou nova vida, esperemos que o país consiga também criar as condições para o seu ressurgimento.
Costumo andar de transportes públicos em Lisboa, em regra o metro, mas mais recentemente comecei a andar de autocarro, fora da hora de ponta, que afinal até tenho mesmo duas belas linhas, ao pé de casa e que me dão muito jeito.
Tenho então reparado, que os frequentadores dos autocarros parecem diferentes dos frequentadores do metro, mais velhos, mais modestos, alguns mesmo com aspeto bem pobre, gente que apesar da idade, muita, por vezes, e das suas mazelas, bengalas e canadianas, continua a trabalhar, a sair de casa e a labutar.
Enquanto no metro, de manhã e ao fim do dia, vai toda a gente com ar (mais ou menos), catita, que até dá gosto, ver as mulheres, jovens, ou não, com o cachecol a dar com a mala, botas da moda, maquilhadas, gente sorridente a ouvir musica nos seus auscultadores, no autocarro o cenário é muito diferente.
As roupas estão gastas, sujas, rotas, o ar das pessoas é carregado, cansado, talvez doente.
Trata-se de um retrato de gente pobre, que também é portuguesa e parece sofrer em demasia.
Depois de uma pequena experiência que não correu lá muito bem, por determinado capricho informático, o qual não cheguei a perceber por completo, vou agora recomeçar e desta vez espero, que com mais sucesso.
Dizia eu, que vejo esta atividade como própria para todas as idades, ligando e religando, gente, criando laços, ou redes, comunicando, enfim.
Gosto de ler e escrever, em geral e gosto de ler blogs. Com alguns me identifico, mas muitas vezes, refletindo no que leio, penso para comigo, como gostaria de poder também exprimir uma opinião.
É então disso que se trata, de criar um espaço de partilha.